quinta-feira, 22 de maio de 2014

Abraços


As minhas meninas são de mimos.
São de abraços.
São de se agarrarem a mim quando entro em casa, nem que esteja carregada de sacos!
São de se me pendurarem ao pescoço.
São de beijos no meio da rua.
São de me darem a mão.
São de enquanto me dão a mão me darem beijos no braço.
São de gritarem "Mamã!!!!" quando chego, nem que tenham só passado 2 ou 3 horas.
São de encostarem a cabeça ao meu corpo.
A R adora um mimo de colo. Nem que seja perto da escola. Não se importa de ouvir que já é grande para colos.

E ainda bem que são assim.

Na azáfama do fim da tarde, sei que nós, os crescidos, parecemos (e estamos) mais distantes.
"Agora a mãe vai fazer o jantar"; "Vai lavar os dentes"; "Tens T.P.C?"; "Já fizeste a mochila para amanhã?"....
Estamos sempre todos pouco disponíveis.

Dou comigo a dizer "Deixa-me ao menos pendurar os sacos"; "Não te pendures assim que me magoas!"; "Não me puxes o braço para baixo"....

Um destes dias, enquanto preparava o jantar, e tinha as mãos sujas, aparece a R à porta da cozinha (sem entrar porque estava descalça - desta vez respeitou a regra) e diz sem se aproximar:

"Mamã queria dar um abraço a alguém"

Ainda respondi "Mas agora a mamã tem as mãos sujas...podes esperar só um bocadinho?! Vai dar um abraço ao papá e a seguir já me dás a mim...."
....
Não consigo deixar de pensar nisto....
No terrível que soa agora....
No nó que me deixa na garganta....
No aperto no peito...

É isso.
Ás vezes só precisamos de dar ou receber um abraço.
Quando crescemos perdemos a capacidade de o pedir...
Espero que elas nunca a percam.

Um abraço apertado tem um poder curativo mágico.
Pode não resolver nada, mas melhora tudo!

Prometo (e nisto das promessas sou cuidadosa) nunca mais dizer que tenho as mãos sujas.
Deixar cair os sacos.
Um abraço não devia nunca ter de esperar.
Muito menos quando é pedido.
Muito menos um abraço de mãe.


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