quinta-feira, 23 de abril de 2015

Dias de não querer


A costura das meias deu 10 minutos de conversa.
Tem um cantinho mais saliente que toca no dedo mindinho e magoa.
Queres trocar de meias?
Queres trocar de sapatilhas?
Não queria nada.
Descalcei-lhe a meia. Virei-a do avesso e analisei a costura.
Cortei uma linha das meias. Cortei até mais do que a linha. Ficou lá um pequeno buraco.
Continuava a magoar.
Queres trocar de meias?
Queres trocar de sapatilhas?
Queria trocar apenas uma meia (!!).
Queres pôr um penso no dedo?
Também não queria.

Juro que ainda brinquei com isto tudo munida da mais pura paciência às 8 e picos da manhã.
Estava até a ser uma manhã com tudo dentro do tempo previsto.
Havia boa disposição de ambas as partes.
Ainda lhe disse que uma meia de cada nação era capaz de ser engraçado.

Mas há um ponto, aquele em que todas as soluções apresentadas não servem (Só me restava deixá-la ir de chinelos ou cortar o dedo), em que ponho a batata quente do lado de lá...."Então como queres resolver?"

Não sabia. Decidi por ela.

Lá ficou de penso rápido no dedo, novo par de meias e sapatilha calçada.
A costura já não incomodava.
Agora era o penso que ficava alto no dedo!
Queres tirar?
Não queria.

Lavei-lhe a cara como só mãe sabe.
Chegou atrasada à escola.
Antes de ir para a sala ainda houve tempo para um grande abraço apertado, daqueles que enxugam as lágrimas.
O abraço apertado é costume. As lágrimas nem por isso, pelo menos ali.

Ouvi o barulho dos miúdos no campo de jogos.
Ela lá estava a correr, uns minutos depois de ter chegado.
Aparentemente sem incómodo no pé...

E uma mãe tem que ser adivinha e perceber o que esconde uma costura de uma meia.

Que saudades eu tenho dos dias leves de Verão...





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